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Ana Clara Aquino

Zero Waste 101: programa sueco capacita lideranças para gestão sustentável de resíduos

Atualizado: 12 de jul.


 

Lançado no último ano, curso online introduz o conceito de resíduo zero e traz exemplos práticos de aplicação na gestão pública. E se tivéssemos algo assim no Brasil?



Atualmente, menos de 20% dos resíduos produzidos no mundo são reciclados: a maior parte deles vai para aterros sanitários, lixões e até mesmo para a natureza. Ao mesmo tempo, isso significa que enormes quantidades de recursos são desperdiçados ao não serem reutilizados ou reciclados. Segundo um estudo do International Solid Waste Association (ISWA), a quantidade de resíduos produzidos a nível global vem aumentando continuamente e estima-se que cresça 70% até 2050, em comparação com os níveis de 2016. 


Para mudar este cenário, foi lançado em 2023, na Suécia, o curso gratuito "Zero Waste 101", com foco em capacitar lideranças comunitárias e gestores públicos sobre conceitos da Economia Circular e em como desenvolver um plano eficaz de gestão sustentável de resíduos. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a plataforma governamental Smart City Sweden, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a instituição público-privada Avfall Sverige.

Os idealizadores do programa, apoiados por dados e pesquisas recentes, defendem que a gestão inadequada de resíduos impacta negativamente a saúde humana, a natureza e o clima, afetando principalmente as comunidades que vivem perto de aterros sanitários e "lixões". Essas últimas estão ainda mais expostas a riscos, uma vez que os resíduos podem poluir o ar e contaminar o solo, o ar e a água potável. 


O Brasil 2044 estuda trazer essa solução para capacitar os gestores públicos brasileiros. Inclusive, a coordenadora do programa, Mila de Rueda, esteve na Suécia em maio deste ano e viu na prática tudo o que a nação tem implementado para encarar os desafios do futuro.


Por que a Suécia é referência?

Considerada um dos países mais sustentáveis do mundo, a Suécia tem sido exemplo para outras nações na geração de energia renovável e na redução de emissões de gases do efeito estufa. Quando se trata de lixo, a solução da Suécia foi revolucionar completamente o seu sistema de gestão de resíduos. Atualmente, a nação escandinava é capaz de manter os seus aterros vazios enquanto gera energia elétrica para manter milhares de residências aquecidas e abastecer prédios públicos, pois transforma quase todos os seus resíduos - e de países vizinhos - em energia limpa.


Líder nas iniciativas de transição energética, o país escandinavo não só tem o maior uso de energia renovável na União Europeia – com aproximadamente 56% da energia proveniente de fontes renováveis, como hidrelétrica, eólica e nuclear – mas também tem algumas das emissões de carbono mais baixas do mundo. Isso se deve a uma mudança para o transporte elétrico, bem como a investimentos constantes em tecnologias inovadoras e na agricultura urbana. 


De acordo com o Banco Mundial, todos os anos, um estadunidense libera, em média, quase quatro vezes mais dióxido de carbono na atmosfera do que um sueco. Em vigor desde o início de 2024, uma nova lei determina que todos os cidadãos e estabelecimentos comerciais do país devem separar o lixo orgânico oriundo da alimentação. Também é obrigatório que as autoridades locais realizem a coleta seletiva do lixo orgânico. Isso já era feito na maior parte da Suécia, mas agora é algo regulamentado por lei. No país, o lixo orgânico vira biogás, uma fonte de energia renovável que substitui o uso de combustíveis fósseis. 


Como melhorar o cenário brasileiro?

Pode até ser que você não seja um dos 20,8 milhões de habitantes brasileiros sem acesso regular à coleta direta e indireta de resíduos sólidos, mas esteja cansado de ver lixo à céu aberto na sua cidade. Como você pode contribuir para a resolução deste problema? A gestão de resíduos sólidos no Brasil é um desafio complexo que requer uma abordagem integrada e coordenada envolvendo governo, setor privado, sociedade civil e a população em geral. A implementação de políticas eficazes, investimentos em infraestrutura adequada, promoção da reciclagem e educação ambiental são fundamentais para enfrentar esses desafios e promover uma gestão de resíduos mais sustentável e responsável.


Por aqui, temos a Lei nº 12.305/10 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que evidencia as principais responsabilidades do gerador de resíduos e favorece uma visão sistêmica, abrangendo diversas variáveis ambientais. Um de seus principais alvos é acabar com os lixões e regulamentar a questão dos resíduos produzidos no país, pois, segundo um estudo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), apesar de mais de 70% das cidades brasileiras já contarem com a coleta seletiva, somente 30% das pessoas separam o lixo seco do orgânico em casa. Por esse motivo, a lei também pode ser associada às prioridades apoiadas pela economia circular. 


A pesquisa da Abrelpe também mostra que somente 4% de todo o resíduo produzido no país é reciclado ou reaproveitado. Talvez seja o momento de pensar o que seu município pode implementar para mudar essa história!



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