A experiência sul-coreana em gestão de resíduos alimentares revela como inovação e engajamento coletivo podem transformar desafios ambientais em soluções sustentáveis

A Coreia do Sul é reconhecida mundialmente por suas práticas avançadas em reciclagem de resíduos alimentares. Em 1996, apenas 2,6% desses resíduos eram reciclados. Hoje, mais de 95% dos restos de comida passam por reciclagem, graças a políticas públicas inovadoras e à conscientização coletiva.
Essa jornada começou nos anos 1980, quando a industrialização e urbanização aceleradas trouxeram desafios como o aumento de aterros sanitários e a emissão de metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes. Em resposta, surgiram campanhas organizadas pela população e a criação de políticas de gestão de resíduos.
Entre as medidas implementadas, destaca-se o sistema de Taxa sobre Resíduos de Alimentos por Peso (WBFWF, na sigla em inglês), adotado em 2013. Ele segue um princípio básico: o cidadão deve pagar sempre que jogar fora restos de comida. Esse sistema é complementado por regulamentações sobre separação de resíduos e multas para infrações. As multas para residências podem ultrapassar US$ 70, enquanto, para empresas, podem superar 10 milhões de wones (cerca de R$ 38 mil).
O sistema sul-coreano também promove a reutilização de restos alimentares na agricultura e na produção de biogás, fechando o ciclo de economia circular. Como resultado, o desperdício alimentar foi reduzido em 30% desde a implementação do programa.
Como o Brasil pode se inspirar?
No Brasil, 27 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente, enquanto milhões de brasileiros enfrentam insegurança alimentar. Implementar um modelo inspirado na Coreia do Sul pode trazer benefícios ecológicos, econômicos e sociais.
Medidas como incentivos fiscais para empresas que invistam em tecnologias de reciclagem, campanhas educacionais para conscientização e subsídios para que municípios desenvolvam sistemas de coleta de resíduos orgânicos podem ser decisivas. Também é essencial que os cidadãos participem ativamente no processo, seguindo o exemplo da Coreia do Sul, onde o senso de comunidade foi essencial para o sucesso do sistema.
O Brasil 2044 acredita que é possível replicar essas políticas adaptando-as à realidade brasileira e criar cidades mais sustentáveis, humanas e resilientes. Com investimentos adequados e o engajamento da população, podemos transformar os desafios atuais em oportunidades de inovação e impacto social.
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